Levanto-me, acordo cedo Vou para um trabalho que para mim não tem segredos A minha vida não é para atirar ao lixo Não sou coisa nem sou bicho Nem sou carne para canhão, não! Quem me usa não me merece Só merece o meu desprezo quem abusa Da minha força e da minha competência E até mesmo da impaciência De dar de comer aos meus filhos. É a trabalhar Que a gente paga o jantar Mais foi a trabalhar Que a gente fez a faca para o cortar. Se hoje ainda vivo afaimado Quem me domina tem os seus dias contados A minha luta não é sozinho que a faço Tem tantos no mesmo passo Braço a braço somos muitos. E à noite, quando adormeço É como fazer a viagem de regresso Para um outro dia, um amanhã mais libertado Com as correntes no passado E a certeza no futuro. É a trabalhar Que a gente pga o jantar Mais foi a trabalhar Que a gente fez a faca para o cortar.