Se foi há anos, Ou dias, Não sei. Nem quantas vezes te cheirei No ar da manhã. Nem quantas vezes Te vi Despertar Pensando que essa foi a noite Melhor de se lembrar Depois da vez em que o silêncio Nos quis acompanhar Pelos segredos Que julgamos contar. Em que nas mãos, os nossos olhos Souberam desvendar Dentro do escuro a alma Não se pode ocultar. Foi como foi. Como se o céu um dia Se abrisse em dois. Foi como foi. Como se a terra Nos prendesse e soltasse depois. A lua via O sol acordar, Ficava ás vezes até tarde Só para o ver deitar. E juro um dia Que o vi alugar Um quarto de motel na Via Láctea Com vista para o mar. Estremeci ao ver que o tecto Não tinha para ver Nem uma telha aberta para espreitar. Eu alucino ou quase, sempre Que me deixas pernoitar Nesse motel da Via Láctea Com vista para o mar. Quero rever-te em cada dia Como revi o futuro Já que o futuro sorria. Quero um futuro por dia Já que o passado nos deixa Vários futuros na vida.