Tenho nos olhos quimeras Com brilho de trinta velas Do sexo pulam sementes Explodindo locomotivas Tenho os intestinos roucos Num rosário de lombrigas Os meus músculos são poucos Pra essa rede de intrigas Meus gritos afro-latidos Implodem, rasgam, esganam E nos meus dedos dormidos A lua das unhas ganem E daí? Meu sangue de mangue sujo Sobe a custo, à contragosto E tudo aquilo que fujo Tirou prêmio, aval e posto Entre hinos e chicanas Entre dentes, entre dedos No meio destas bananas Os meus ódios e os meus medos E daí? Iguarias na baixela Vinhos finos nesse odre E nessa dor que me pela Só meu ódio não é podre Tenho séculos de espera Nas contas da minha costela Tenho nos olhos quimeras Com brilho de trinta velas E daí?