Sentada à minha espera Sabe já com o que conta: Para não se sentir tonta De um querer intermitente Desiste de ser urgente A urgência que coloco Naquilo que nos prometo Desiste mas fica alerta Com a vontade certeira De fera à espera da presa Dando azo a que a surpresa Seja sofrida por ela Já que o compasso de espera Vai durando a vida inteira É algo ingrato o processo: Transforma-se em abcesso O corpo, pútrido poço Onde nadam nada mortas (Com umbilicais cordões Enrolados no pescoço) Ideias vagas e tortas A fermentar por lá ficam Porém, no esboço de um passo Saldo a dívida comigo É o melhor que consigo E aquilo que melhor faço: Não tiro a teima final Escondo a pedra e atiro o braço Sentada à minha espera Sabe-se já com que cara Com carga que desanima Tanta urgência para nada Acaba por ser afronta Assídua ainda por cima Convocá-la e reprimi-la Sentada à minha espera... Sentado à minha espera Sei já bem com o que conto: Furtar-me sempre ao confronto É ambição suficiente