Oiça lá ó senhor vinho, vai responder-me, mas com franqueza: porque é que tira toda a firmeza a quem encontra no seu caminho? Lá por beber um copinho a mais até pessoas pacatas, amigo vinho, em desalinho vossa mercê faz andar de gatas! É mau procedimento e há intenção naquilo que faz. Entra-se em desequilíbrio, não há equilíbrio que seja capaz. As leis da Física falham e a vertical de qualquer lugar oscila sem se deter e deixa de ser perpendicular. "Eu já fui", responde o vinho, "A folha solta brincara ao vento, fui raio de sol no firmamento que trouxe a uva, doce carinho. Ainda guardo o calor do sol e assim eu até dou vida, aumento o valor seja de quem for na boa conta, peso e medida. E só faço mal a quem me julga ninguém e faz pouco de mim. Quem me trata como água é ofensa, pago-a! Eu cá sou assim." Vossa mercê tem razão e é ingratidão falar mal do vinho. E a provar o que digo vamos, meu amigo, a mais um copinho!