Não sei se ainda faz algum sentido Te lembra que o dia já começa a clarear Devagar as luzes da cidade vão morrendo E você aí parada olhando um poste bêbado apagar Eu chamo o cara do estacionamento Você desata a rir da pinta neoliberal de um playboy Te peço a gorjeta, você me passa a carteira inteira Insinuando discretamente que bebeu demais E as ruas vazias se despedem da noite Você insiste em parar pra comer um hot-dog E as ruas vazias se despedem da noite Você insinuando discretamente estar tão só Mas não se leva a mal Que a solidão paira na cidade Pertence à cidade Não, não se leva a mal De vez ou outra se sentir assim, se sentir assim Imediatamente após o seu pedido Entro no posto 24 horas pra reabastecer Te olho enviesado pelas prateleiras, indeciso Nada é realmente aquilo que a gente quer viver Então eu digo, meu amor, vamos para a casa Esquece esse vazio que essas coisas todas dão Vamos embora pra bem longe em nosso carrinho Só nós dois, nossa alegria e nossa escuridão