Ai o meu pobre filho, que rico que Ai o meu rico filho, que pobre que Nascidos do mesmo ventre Um vive de joelhos pr outro passar frente E esta velha me para aqui j no sol poente Um dia h muito tempo, vi-os partir Levando cada um do outro o porvir Seguiram pela estrada fora Um voltou-se para trs, disse adeus que me vou embora Voltaremos trazendo connosco a vitria De que vitria falas, disse eu ento Da que faz um escravo do teu irmo? Ou duma outra que rebenta Como um rio de fria no peito feito tormenta Quando no h nada a perder no que se tenta? Passaram muitos anos sem mais saber Nem por onde passavam, nem se por ter Criado os dois no mesmo cho Eram ainda irmos, partilhavam ainda o po E o silncio enchia de morte o meu corao Depois vieram novas que o que vivia Da misria do outro, se enriquecia No foi para isto que andei Dias que foram longos e noites que no contei A lutar pra ter a justia como lei s vezes rogo pragas de os ver assim Sinto assim uma faca dentro de mim Sei que estou velha e doente Mas para ver o mundo girar de modo diferente Ainda sei gritar, e arreganhar o dente Estou quase a ir embora, mas deixo aqui Duas palavras pra um filho que perdi No quero dar-te conselhos Mas se teu prprio irmo que te faz viver de joelhos Doa a quem doer, faz o que tens a fazer