Sou herança de Maragato A velha raça caudilha! Tenho sangue farroupilha Galopando em minhas veias Nos arrancos de trinta e cinco Andei trilhando coxilhas Enredado nas flexilhas Tramando aço em peleias Chiripá de saco branco Lenço atado e meia espalda E uma vicha que se esbalda Na melena esgadelhada Na cintura, a carniceira, Companheira de degola! E um "quarenta" de argola Pra garatir a qüerada Carcaça de puro cerne Foejada em têmpera quapa Com a rude estampa farrapa Plantei têrencia de mau E a descência da raça Semeei no eco dao berro Brincando de tercear ferro Com chimango e pica-pau Relampeia ferro branco Também troveja a garrucha Nesta milonga gaúcha Que, por taura não se enleia, Peleia dando risada! Porque o macho se conhece É atrás do "S" da adaga Debaixo do tempo feio Só a coragem sustenta! Pode faltar ferramenta Mas sobra a fibra guerreira Pois quem herda a procedência Do nobre sangue farrapo Só morre queimando trapo Peleando pelas ladeiras Com o instinto libertário E o tino de um fronteiro Eu era um clarim guerreiro Pondo em forma o Rio Grande Pois a grito e pelegaço Fiz a pátria que pertenço Cabrestear para um lenço Maragateado de sangue