Deu meia-noite agora e Sem sono eu me deito Lá fora a lua aclara A treva escura é jogo feito Um vulto me apavora Um olho, o vôo de um suspeito Vixe, Nossa Senhora Afastai esse morcego Livrai-me desse medo Eu rogo, eu peço arrêgo Sai medo de mim Sai de mim Água, água Água de fogo eu choro A me ferir Meu grito é um silêncio Sem fim Eu suo seco sem Saliva, sob o sol Sem sombra, é sempre Deserto em mim E sigo a seco sem Uma nuvem no céu Só sede queima O meu jardim Deu meia-noite agora e De tudo eu tenho medo Lá fora a lua aclara E do medo nasce medo Um vulto me apavora É que do medo eu tenho medo Vixe, Nossa Senhora É medo, é medo, é medo, é medo Livrai-me desse medo Eu rogo, eu peço arrêgo Sai medo de mim Sai de mim Água, água Água de fogo eu choro A me ferir Meu grito é um silêncio Sem fim Eu suo seco sem Saliva sob o sol Sem sombra é sempre Deserto em mim E sigo a seco sem Uma nuvem no céu Só sede queima O meu jardim Olho pra frente, olho pro lado Olho pra trás já fatigado É tanto medo De repente não dá mais E penso mudo, penso inteiro Penso tudo, em desespero Corro em vão, não tem saída Estou na mão E sinto frio, sinto ardência Sinto sempre alguma ausência A febre vem e no vazio Se detém E vejo caras, vejo bocas Vejo taras quase roucas Um horror por trás é sempre Medo e dor