Quando meu homem foi embora Soprou aos quatro ventos um recado Que meu trono era manchado E meu reino esfiapado Sou uma rainha que voluntariamente Abdiquei cetro e coroa E que me entrego e me dou Inteiramente ao que sou A vida nômade que no meu sangue ecoa Abro a porta do carro fissurada Toma-me ao mundo cigano e sou puxada Por um torvelinho Abraça a todos os lugares Chamam por mim os bares poeirentos E eu espreito da calçada Se meu amor bebe por lá Como me atraem os colares de luzes À beira do caminho Errante, pego o volante E faço nele o meu ninho Pistas de meu homem aqui e ali rastreio Parto pra súbitas, inéditas, paisagens Acendo alto o meu farol de milha Em cada uma das cidades por que passo Seu nome escuto na trilha Aldeia da Ajuda, Viçosa Porto Seguro, Guarapari, Prado Itagi, Belmonte, Prado Jequié, Trancoso, Prado Meu homem no meu coração Eu carrego com todo cuidado Partiu sem me deixar nem caixa-postal, direção Chego a um lugar e ele já levantou a tenda Meu Deus! Será que eu caí num laço Caí numa armadilha, uma cilada E que este amor que toda me espraiou Não passou de uma lenda Pois quando chego num lugar Dali ele já levantou a tenda A tenda, a tenda, a tenda, a tenda