Eu vi partir no mês de Outono as andorinhas E uma vi eu, querer-se mostrar mais desenvolta Que chilreado elas faziam, coitadinhas Talvez dizendo o seu adeus, até à volta Essa ficou junto ao beiral do meu telhado Eu estranhei de não a ver partir com as mais Porque afinal nessa manhã de sol doirado Tudo saiu, tudo abalou dos seus beirais Tempo depois, tornei a vê-la entristecida Junto do ninho onde se ouvia outro piar O companheiro ali ficara de asa ferida Sem se mover, sem forças ter para voar Nada faltou, nem até um gorjeio terno Naquele ninho, onde a amizade é tão sincera Que Deus lhes dê suave e quente, o duro Inverno E faça vir o mais depressa, a Primavera