De Vida e Tempo Quando tapeio o meu sombreiro sobre a nuca O coração me cutuca, bate forte igual cincerro Sinto que o sangue pulsa mais forte nas veias Parece que me arrodeia o assombro de Martin Fierro Me criei solto, correndo pelos banhados Gritando forte com o gado, nos dias de lida bruta No batoví, extraviei sonhos e mágoas Que se olvidaram com as águas, das cheias do reculuta (Cortei caminhos em culatras e fiadores Erguendo penas e amores, num grito largo de venha Rondei recuerdos em noites de calmarias Aclimatando invernias na minha pampa surenha) Trago nos tentos poncho emalado e saudade De um tempo que foi verdade e a cada aurora rebrota A vida passa e a mala suerte se adoça Depois que a espora faz mossa no contra forte da bota Nasci num rancho, quinchado de Santa Fé Sou de junco e aguapé, caraguatá e japecanga Sou do Rio Grande, meu pago retrata a estampa De touro que afia a guampa nos cacurutos da sanga