Nas sombras móveis de um luar de transparências Eu vejo clara a face negra dos meus versos Cortando acesa o mar sereno de aparências Abrindo a peito um véu repleto de mistérios Liberta o tempo das amarras de vludo Escorre solta a vaga cheira dos meus medos De instantes breves foi marcado este futuro De sobra a vida naufragada nos rochedos Desfraldo então aberta a vela da loucura Que embala em troca o escaler da liberdade E a vida grande que era a causa da procura Sagrou-se espera, desalento, realidade Por isso o grito em carta aberta, em prosa dura Que vai nascendo aqui à sombra deste fado É uma vaga que me deixa a alma nua E só a prende por um fio ao meu cansaço