Tens sempre na ponta da língua Resposta p'ra tudo Com teu ar certeiro Tens esse grito que ecoa E nunca magoa Por ser verdadeiro Tens nas varinas a raça E no gingar a pirraça Pois pode o tempo passar Serás sempre Lisboa. Ai, Lisboa Ai, tão bela Tens a Graça por janela De onde vejo o quanto tenho para amar. E vou correndo até ao rio Pelo caminho beijo a Sé Chego a Alfama em desvario Porque é maior a minha fé E canto, canto, canto Ao fado, a Lisboa, à minha vida. Tens esse jeito dos simples Que à hora da janta Cabe sempre mais um E abres os braços aos outros Dizendo: "São loucos. Não é favor nehum" E até das brigas de amor Dizes que são do calor Que te alimenta o sentir Que te faz ser Lisboa. Ai, Lisboa Ai, tão bela Tens a Graça por janela Que aos amantes dá motivo p'ra sonhar Talvez a marcha já não passe E a boémia está esquecida E haja mesmo quem arraste Esta Lisboa qual vencida E eu canto, canto, canto Ao fado, a Lisboa, à minha vida.