Escondo-me noutra pele E passeio sem ninguém me ver, Acelero ao sinal vermelho E regresso para me perder. Os olhos na estrada, O corpo no vazio, Nas mãos um volante de fogo, E a cada néon um cigarro, Um prazer demorado e longo. Põe o teu corpo perto de mim, Deixa que o chão nos engula a sombra, Não pode haver engano num momento assim, E de repente a tua voz na minha: Noite perfeita, Tu és perfeita. Noite perfeita, Tu és perfeita. (Sempre te soube perfeita). Aperto o deserto nos dedos Como se fosses um corpo de areia, Ao longe os comboios são loucos, E louco é o meu olhar que vagueia. Os braços no capôt, As pernas contra o chão, Não há desejo pior que a vontade, E nos faróis escondes o medo De quereres esta liberdade. Põe o teu corpo perto de mim, Deixa que o chão nos engula a sombra, Não pode haver engano num momento assim, E de repente a tua voz na minha: Noite perfeita, Tu és perfeita. Noite perfeita, Tu és perfeita. (Sempre te soube perfeita).