Quis soltar o grito que me queima Um lamento que em mim teima Em não ficar calado. Quis soltar a mágoa, a ansiedade Dos dias da verdade Tão diferentes do passado. E agora que soltei o meu grito Não menos triste me sinto Que o cantar não leva a dor, Pois o meu canto não muda o destino De viver em desatino Eu, a vida e este amor. Quis viver um amor quase imortal Que não me levasse a mal Ter tamanho coração. Fui amada na ilusão de quem não o era Talvez por quem tanto dera Sem saber que era em vão E o meu pecado é ainda acreditar Ser possível querer e amar Dando ouvidos à razão. Se o amor é louco como dizem por aí, Eu que a mim sempre menti, Vou escutar meu coração.